segunda-feira, 2 de março de 2015

Visita ao Parque Nacional de Itatiaia.

O grupo na sede do parque Nacional de Itatiaia.




Na trilha perto da sede, em direção a cachoeira.


Na cachoeira, água era muito fria.



Uma nova ótica sobre a história indígena no ensino de História

Uma nova ótica sobre a história indígena no ensino de História

O texto a seguir é de Antônia Terra,  professora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP) e pode contribuir para a reflexão sobre o trabalho com a temática indígena na sala de aula

A história do Brasil foi construída com base na diversidade de sujeitos históricos, incluindo nações invasoras e povos que aqui viviam ou que foram trazidos para cá. Mas a História contada na escola tem excluído os indígenas como se eles não fossem protagonistas da história nacional. Isso tem ocorrido principalmente por causa da influência da historiografia do século 19, comprometida com os valores da elite da época, que escolheu identificar a história da nação com ações da sociedade europeia e descendentes. 

Da produção do século 19, o ensino de História herdou as ideias errôneas de que os povos indígenas representariam a "infância" da humanidade, seriam remanescentes de um estágio ultrapassado pelos "civilizados" e pertenceriam à "pré- história". Em decorrência, os alunos têm incorporado a ideia de que os povos indígenas não têm história e, assim, negam a eles o direito à luta por direitos, atitudes de autodeterminação e autonomia para escolha de costumes, línguas e religiões. Em geral, a escola divulga a crença de que as mudanças nos costumes indígenas, por causa do contato com outros povos, significam o abandono da identidade dos índios, deixando eles de ser terena, ianomâmi, xavante, guarani... 


Ao longo do século 20, apesar de alguns historiadores ressaltarem a importância dos povos nativos no contexto da colonização lusa na América, prevaleceram as versões que destacaram as ações dos portugueses e europeus em que em geral os indígenas eram vítimas, derrotados ou resistentes à ordem da colônia. Essas versões também foram incorporadas pelo ensino de História. Sem terem sido entendidos como protagonistas por diferentes correntes até então, nas versões escritas da História, os ameríndios só tiveram atribuído a si mesmos o papel de legar algumas heranças culturais à nação e, principalmente, um silêncio sobre as resistências e persistências ao longo dos séculos. 

(...)
Nos anos 1970, os povos indígenas contaram com o apoio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Igreja Católica, e dos antropólogos ligados às universidades, que defendiam a importância de respeitar e preservar suas culturas. Em oposição a eles estava a Fundação Nacional do Índio (Funai), que tinha como política naquele contexto a integração desses povos à sociedade nacional, dando continuidade à política portuguesa desde o século 16, posteriormente à política do governo imperial brasileiro no século 19 e também do governo republicano ao longo do século 20. Ou seja, a integração do povo indígena sempre significou um esforço para diluí-lo entre a população brasileira. As denúncias contra as ações da Funai durante o regime militar indicavam, por exemplo, que elas estavam voltadas para a retirada dos indígenas de suas terras para entregá-las aos agricultores não índios e a grandes empresas agropecuárias. 

O confronto entre indígenas e colonos, na década de 1970, politizou os povos indígenas, intensificando suas lutas por direito às terras, às línguas e aos costumes. E, com o processo de implantação da sociedade democrática no Brasil, na década de 1980, as organizações indígenas elegeram um deputado federal e fortaleceram suas alianças, garantindo seus direitos na Constituição de 1988. 

Com ela, os povos indígenas tiveram assegurados por lei a diversidade étnica e o direito de manter seus territórios. Todavia, os valores de inferioridade disseminados ao longo de cinco séculos prevaleceram no imaginário da população brasileira, além do desconhecimento sobre suas particularidades culturais. Conhecer melhor quem são os indígenas, como vivem, no que acreditam e quais foram e são suas lutas possibilita aproximações importantes e necessárias para a conquista do respeito e valorização das diferenças de costumes entre os povos.
Nesse sentido, em 2008, com a Lei nº 11.645, que estabelece a obrigatoriedade do estudo da história indígena nas classes brasileiras, houve um avanço significativo, com a possibilidade de a história nacional ser reescrita e nela ser incluída o protagonismo dos povos indígenas na construção de nosso passado e de nossa realidade contemporânea. (...)

http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/nova-otica-historia-indigena-ensino-historia-780296.shtml