quinta-feira, 29 de outubro de 2015

UM ARQUEÓLOGO EM CADA MUNICÍPIO BRASILEIRO

UM ARQUEÓLOGO EM CADA MUNICÍPIO BRASILEIRO

 “Defender o nosso patrimônio histórico e
artístico é também alfabetizar” - Mário de Andrade (1936)

Por Maria Beltrão – arqueóloga
           
São recentes a cultura e a política de preservação no Brasil. Estamos ainda caminhando nesta direção. Assim como um sentimento amoroso – que vai crescendo aos poucos, à medida que ganhamos confiança e intimidade –, para cuidar do que é nosso, do patrimônio público, é preciso ter auto-estima e acesso à educação. É preciso pertencer, se sentir parte do lugar onde vivemos, ser participativo como cidadão e crítico dentro da sociedade. Hoje, não é mais possível imaginar o crescimento de uma cidade, de um país, sem levar em consideração a preservação e a memória. Esta lição precisa ser compreendida o quanto antes.
Há vários conceitos de patrimônio cultural. O que melhor expressa a concepção de cultura, porém, é aquele que a considera como tudo que o homem produziu - e interpretou - durante a sua existência. E vai além da idéia de “herança” deixada por gerações anteriores e que deve ser transmitida para as futuras. A busca da preservação de nossa identidade cultural deve ser o objetivo primeiro de toda política de proteção dos bens culturais. Essa política nasce de um comprometimento com a vida social. Ao preservar seu patrimônio arqueológico pré-histórico e histórico, a sociedade conquista a possibilidade de um crescimento social integral e solidário, compartilhando, eqüitativamente, os legados da história e da natureza. O compromisso com a sociedade se apresenta através de processos econômicos, culturais, sociais e políticos, que condicionam o próprio desenvolvimento. A preservação do patrimônio coletivo, arqueológico pré-histórico e histórico, estético e do meio-ambiente, interfere diretamente no ordenamento urbano.
O Parque Paleontológico de São José de Itaboraí – criado pela Prefeitura Municipal em 1995 – completou sete anos no dia 12 de dezembro. Apesar de muito visitado por estudantes, pesquisadores e turistas, o Parque permanece em total abandono. Sua área continua  sendo invadida e fósseis de grande importância para o país e para o mundo são retirados comprometendo seriamente o projeto original.
A bacia calcária onde o parque se localiza se destaca no cenário paleontológico brasileiro como a única área científica onde se tem o  registro de alguns dos primeiros mamíferos terrestres, que surgiram há, aproximadamente, 60 milhões de anos, semelhante aos sítios da Patagônia e do Noroeste da Argentina. O Parque de São José de Itaboraí é o mais antigo registro brasileiro da fauna e flora fósseis continentais que se desenvolveram após a extinção dos dinossauros.
Há pelo menos três anos, diversas instituições como o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro e organizações não governamentais – como o Instituto Walden e a Associação de Moradores de São José de Itaboraí, entre outras – elaboraram uma proposta de consolidação do parque, propondo a criação de um museu e de um centro de formação profissional. Os objetivos principais são a conservação e a recuperação, por meio do uso sustentável dos recursos naturais existentes na região.
Tal medida visa não apenas garantir a continuidade dos estudos científicos, mas também promover atividades de educação e treinamento das comunidades na questão ambiental e de formação de profissionais em várias áreas de atividades – o que ajudaria na superação de problemas ambientais. Um museu no parque também beneficiaria a região, trazendo  desenvolvimento para o município. A grande afluência de visitantes, pela proximidade de cidades como Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo e outras da Região Metropolitana, traria estímulo ao comércio e à prestação de serviços no seu entorno.
A pesquisa arqueológica permite ver o processo histórico de uma perspectiva mais ampla do que aquela que nos indicam os documentos escritos. A noção de processo histórico global amplia os horizontes dos indivíduos e estimula sua solidariedade, ao reconstituir conceitualmente uma memória que será acessível a toda comunidade, permitindo uma compreensão das diferenças e desigualdades presentes no patrimônio cultural. E, portanto, da percepção de que a cidade é um organismo vivo e, como tal, passível de ser mudado e corrigido.
O Brasil é um enorme sítio arqueológico e o Estado do Rio de Janeiro não possui nenhum outro local similar ao Parque Paleontológico de São José de Itaboraí. Nem, tampouco, espaço educacional e cultural dotado de tão importante acervo arqueológico e paleontológico estruturado sob a forma de parque. Mesmo assim, a destruição desordenada de sítios arqueológicos, em especial os pré-históricos, vem se acelerando. O patrimônio fica sujeito a cumprir funções práticas, que variam segundo a necessidade dos governantes de cada época.
A preservação, a proteção e a gestão do patrimônio arqueológico são fundamentais para se entender as escolhas que foram feitas pelas sociedades que nos antecederam. Os sítios arqueológicos não devem ser preservados intactos por meio do isolamento do contexto em que estejam inseridos, mas dentro de uma política de conservação integrada. Devem estar adequadamente ligados às atividades locais, desenvolvidas pelos grupos que habitam a área. É imprescindível dividir com a sociedade local a incumbência de proteger e defender o patrimônio histórico-cultural. Porque ele é de todos nós.



Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias

Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias
José Moran
Orientador de Projetos Educacionais Inovadores com metodologias ativas
nas modalidades presencial e a distância
Do livro “Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica”, Papirus, 21a ed, 2013, p. 27-29
As mudanças que estão acontecendo na sociedade, mediadas pelas tecnologias em rede, são de tal magnitude que implicam em reinventar a educação como um todo, em todos os níveis e de todas as formas.
Não é suficiente ter um laboratório na escola (quando existe) para um acesso esporádico durante algumas aulas. Hoje, todos os alunos, professores e a comunidade escolar caminham para poder aprender em qualquer espaço presencial e digital.
Hoje, o professor, em qualquer curso presencial, precisa aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora, pois antes ele só se preocupava com o aluno em sala de aula. Agora, continua com o estudante no laboratório (organizando a pesquisa), na Internet (atividades a distância) e no acompanhamento das práticas, dos projetos, das experiências que ligam o aprendiz à realidade, à sua profissão (ponto entre a teoria e a prática) – e tudo isso fazendo parte da carga horária da sua disciplina, estando visível na grade curricular, flexibilizando o tempo de estada em aula e incrementando outros espaços e tempos de aprendizagem.
Educar com qualidade implica em organizar e gerenciar atividades didáticas em, pelo menos, quatro espaços.
1) Reorganização dos ambientes presenciais
A sala de aula como ambiente presencial tradicional precisa ser redefinida. Até agora identificamos ensinar com ir regularmente para este ambiente, mas aos poucos, ele se tornará um local de começo e de finalização de atividades de ensino-aprendizagem, intercalado com outros tempos em que freqüentaremos outros ambientes.
Como regra geral, nos encontraremos na sala de aula para conhecermo-nos, organizar os procedimentos didáticos, motivar os alunos, instrumentá-los sobre as etapas de pesquisa, sobre a alternância com outros ambientes. Depois de um tempo maior ou menor, voltaremos a ela para a apresentação dos resultados, para uma troca de experiências, para a contextualização e generalização da aprendizagem individual e coletiva. E, assim, iremos intercalando novas situações presenciais com atividades fora da sala de aula.
Um computador em classe com projetor multimídia é um caminho necessário, embora ainda distante em muitas escolas, para oferecer condições dignas a professores e alunos. São poucos os cursos até agora que fazem isso, mas se torna uma realidade cada vez mais premente se queremos educação de qualidade.
O ideal seria as salas serem confortáveis, com boa acústica e tecnologias, das simples até as sofisticadas; elas precisam ter acesso fácil ao vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet para acesso a sites em tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando necessário. Com o avanço das redes sem fio e o barateamento dos computadores, as escolas estarão conectadas e as salas de aula podem tornar-se espaços de pesquisa, de desenvolvimento de projetos, de intercomunicação on-line, de publicação, com a vantagem de combinar o melhor do presencial e do virtual no mesmo espaço e ao mesmo tempo.
Outro ponto necessário é o uso de microfones e amplificadores para professores que têm mais de 50 alunos, principalmente em salas com acústica deficiente – para que não haja um desgaste excessivo.
O foco dos cursos presenciais e a distância deve ser o desenvolvimento de pesquisa, fazer do aluno um parceiro-pesquisador. Pesquisar de todas as formas, utilizando todas as mídias, todas as fontes, todas as maneiras de interação. Pesquisar às vezes todos juntos, outras em pequenos grupos, outras individualmente. Pesquisar na escola; outras, em diversos espaços e tempos. Combinar pesquisa presencial e virtual. Relacionar os resultados, compará- los, contextualizá-los, aprofundá-los, sintetizá-los.
Mais tarde, depois de uma primeira etapa de aprendizagem on-line, a volta ao presencial adquire uma outra dimensão. É um reencontro tanto intelectual como afetivo. Já nos conhecemos, mas fortalecemos esses vínculos; trocamos experiências, vivências, pesquisas. Aprendemos juntos, tiramos dúvidas coletivas, avaliamos o processo virtual. Fazemos novos ajustes. Explicamos o que acontecerá na próxima etapa e motivamos os alunos para que continuem pesquisando, se encontrando virtualmente, contribuindo.
Os próximos encontros presenciais já trazem maiores contribuições dos alunos, dos resultados de pesquisas, de projetos, de solução de problemas, entre outras formas de avaliação.
2) Atividades nos ambientes presenciais conectados
Um dia todas as salas de aula estarão conectadas em rede. Como isso ainda está distante, é importante que cada professor programe em uma de suas primeiras aulas uma visita com os alunos ao “laboratório de informática”, a uma sala de aula com micros suficientes conectados à Internet. Nessa aula (uma ou duas) o professor pode orientá-los a fazer pesquisa na Internet, a encontrar os materiais mais significativos para a área de conhecimento que ele vai trabalhar com os alunos; para que aprendam a distinguir informações relevantes de informações sem referência. Ensinar a pesquisar na WEB ajuda muito aos alunos na realização de atividades virtuais depois, a sentir-se seguros na pesquisa individual e grupal.
Outra atividade importante nesse momento é a capacitação para o uso das tecnologias necessárias para acompanhar o curso em seus momentos virtuais: conhecer a plataforma virtual, as ferramentas, como se coloca material, como se enviam atividades, como se participa num fórum, num chat, tirar dúvidas técnicas. Esse contato com o laboratório é fundamental porque há alunos pouco familiarizados com essas novas tecnologias e para que todos tenham uma informação comum sobre as ferramentas, sobre como pesquisar e sobre os materiais virtuais do curso.
Tudo isto pressupõe que os professores foram capacitados antes para fazer esse trabalho didático com os alunos no laboratório e nos ambientes virtuais de aprendizagem (o que muitas vezes não acontece).
Mesmo numa escola conectada totalmente em rede, o laboratório pode ser o espaço da multimídia, da integração das tecnologias audiovisuais, do acesso a programas mais complexos que exigem mais dos equipamentos, espaço da edição digital, da multiprodução.
3) A utilização de ambientes virtuais de aprendizagem
Os alunos já se conhecem, já tem as informações básicas de como pesquisar e de como utilizar os ambientes virtuais de aprendizagem. Agora já podem iniciar a parte a distância do curso, combinando momentos em sala de aula com atividades de pesquisa, comunicação e produção a distância, individuais, em pequenos grupos e todos juntos1.
O professor precisa hoje adquirir a competência da gestão dos tempos a distância combinados com o presencial. O que vale a pena fazer pela Internet que ajuda a melhorar a aprendizagem, que mantém a motivação, que traz novas experiências para a classe, que enriquece o repertório do grupo.
Existem ambientes virtuais simples (como por exemplo as páginas de grupos) e existem ambientes complexos (plataformas virtuais integradas). Existem ambientes gratuitos (como o Moodle e o Teleduc) e ambientes virtuais pagos (como o Blackboard). Existem ambientes de código fechado (gratuitos ou pagos, nos quais não se pode mexer no código-fonte) ou de código aberto (que permitem modificar o programa, como o Moodle2).
Estes ambientes virtuais incorporam cada vez mais recursos de comunicação em tempo real e off line, de publicação de materiais impressos, vídeos, etc. Recursos de edição on- line: professores e alunos podem compartilhar idéias, modificar textos, comentá-los. Podem fazer discussões organizadas por tópicos (off line) e fazer discussões ao vivo, com som, imagem e texto. Os ambientes de aprendizagem se integram aos programas de gestão acadêmica e financeira. Com a mesma senha os alunos acessam seu histórico escolar, seus pagamentos, seus cursos. Tudo se integra cada vez mais; tudo fala com tudo e com todos.
Os ambientes virtuais complementam o que fazemos em sala de aula. O professor e os alunos têm menos aulas presenciais e mais atividades a distância: podem ser só algumas aulas ou termos cursos totalmente on-line. Nos cursos presenciais teremos uma parte das aulas a distância, os chamados cursos semi-presenciais e precisaremos aprender a gerenciar e organizar atividades que se encaixem em cada momento do processo e que dialoguem e complementem o que estamos fazendo na sala de aula.
Creio que há três campos importantes para as atividades virtuais: o da pesquisa, o da comunicação e o da produção-divulgação. A pesquisa individual de temas, experiências, projetos, textos. A comunicação pode realizar debates off e on-line sobre esses temas e experiências pesquisados. Já a produção deve divulgar os resultados no formato multimídia, hipertextual, “linkada” e publicar as conclusões para os colegas e, eventualmente, para a comunidade externa ao curso.3
É fundamental hoje pensar o currículo de cada curso como um todo, e planejar o tempo de presença física em sala de aula e o tempo de aprendizagem virtual. A maior parte das disciplinas pode utilizar, ao menos parcialmente, atividades a distância. Algumas que exigem menos laboratório ou estar juntos fisicamente podem ter uma carga maior de atividades e tempo virtuais. Podemos ter disciplinas totalmente a distância e outras com mais carga presencial. Essas características marcam o modelo semi-presencial que constitui uma das tendências mais fortes na educação em todos os níveis, principalmente no superior.


A flexibilização de gestão de tempo, espaços e atividades é necessária, principalmente no ensino superior ainda tão engessado, burocratizado e confinado à monotonia da fala do professor num único espaço que é o da sala de aula.
4) Inserção em ambientes experimentais, profissionais e culturais
A escola pode estender-se fisicamente até os limites da cidade e virtualmente até os limites do universo. A escola e a universidade podem integrar os espaços significativos da cidade: museus, centros culturais, cinemas, teatros, parques, praças, ateliês, centros esportivos, centros comerciais, centros produtivos, entre outros. Podem organizar também os currículos com atividades profissionais ou sociais, com apoio da comunidade.
Os cursos de formação, os de longa duração, como os de graduação, precisam ampliar o conceito de integração de reflexão e ação, teoria e prática, sem confinar essa integração somente ao estágio, no fim do curso. Todo o currículo pode ser pensando em inserir os alunos em ambientes próximos da realidade que ele estuda, para que possam sentir na prática o que aprendem na teoria e trazer experiências, cases, projetos do cotidiano para a classe. Em algumas áreas, como administração, engenharia, parece mais fácil e evidente essa relação, mas é importante que aconteça em todos os cursos e em todas as etapas do processo de aprendizagem, levando em consideração as peculiaridades de cada um.
Se os alunos fazem pontes entre o que aprendem intelectualmente e as situações reais, experimentais, profissionais ligadas aos seus estudos, a aprendizagem será mais significativa, viva, enriquecedora. As universidades e os professores precisam organizar nos seus currículos e cursos atividades integradoras da prática com a teoria, do compreender com o vivenciar, o fazer e o refletir, de forma sistemática, presencial e virtualmente, em todas as áreas e ao longo de todo o curso.
A escola e a universidade podem integrar-se com os espaços culturais e profissionais da cidade (museus, teatros, quadras esportivas, parques, praças, ateliês, fábricas, cinemas, centros culturais) e assim ampliar sua interação, o seu currículo, suas práticas, sua inserção social. É importante integrar as experiências individuais de Ongs, de empresas, de entidades religiosas e de classe com a educação formal. O governo pode apoiar as melhores práticas e fazer com que façam parte de cursos reconhecidos, de escolas oficiais. “Não basta oferecer boa escola: é preciso, além de envolver e qualificar as famílias, acionar as diferentes esferas do governo (saúde, geração de renda, esporte, saúde) e transformar toda a cidade em espaços educativos, tirando proveito dos cinemas, teatros, parques, empresas, museus”.4
Podemos aproveitar melhor a aprendizagem prévia de cada aluno, principalmente do adulto. Fazer programas especiais para profissionais que precisam de determinadas certificações.
O currículo pode alternar etapas na universidade e em atividades profissionais desde o começo; pode prever parcerias de práticas, integradas a reflexões na universidade. Isso já existe hoje, mas ainda é muito complicada a forma de gerenciar essas situações diferenciadas.
O currículo pode ser “negociado” entre a universidade e alunos mais maduros. Cada aluno deveria ter um professor orientador, para decidir em cada etapa, em conjunto, o que é melhor para o estudante. No modelo atual, massificador, essa proposta é ingênua, mas é possível viabilizá-la em instituições sérias com projetos pedagógicos avançados.
Por outro lado, na educação básica, quanto mais as escolas se inserem na comunidade, mais todos ganham: alunos, professores e a própria comunidade. Hoje temos muitas iniciativas em todo o Brasil, de escolas abertas para a comunidade, que procuram as competências no bairro para que os alunos sejam beneficiados com contato, visitas, palestras, aprendizagem prática. Mas ainda são projetos pontuais. A maior parte das escolas permanece bastante distante da inserção com a comunidade.




1 É interessante o trabalho de CHRYSOS, Adonys. La universidad semi-presencial: una experiencia de colaboración internacional. Disponível em: http://www.unrc.edu.ar/publicar/cde/Chrysos.htm.
2 O Moodle é um dos ambientes virtuais que mais crescem hoje por ser livre, feito de forma compartilhada e de código aberto. Mais informações podem ser obtidas em: http://moodle.org/course/view.php?id=35
3 Norma SCAGNOLI. El aula virtual: usos y elementos que la componen. Urbana,Universidad de Illinois USA, Enero 2, 2001. Disponível em <http://www.edudistan.com/ponencias/Norma%20Scagnoli.htm>. As tecnologias como apoio à pesquisa, à comunicação e à divulgação estão mais explicitadas nos tópicos seguintes, neste mesmo capítulo.

4 Gilberto DIMENSTEIN. A escola dos sonhos. In http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=2fb6c13e0af47010014d5bc9e37f78c



MAIS QUESTÕES DO ENEM 2

HISTÓRIA – ENEM 2012
1. Enem-Mec - Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao abono), mas também em assuntos menos chamativos, corno, por exemplo, a posição da família e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada - em tudo isso reflete-se amiúde apenas o auto entendimento ético-político de uma cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura da maioria. 
A reivindicação dos direitos culturais das minorias, corno exposto por Habermas, encontra amparo nas democracias contemporâneas, na medida em que 
a) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na coršldição da sua concentração espacial, num tipo de independência nacional 
b) a reunilicação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas, con?ssões religiosas e formas de vida, em tomo da coesão de uma cultura politica nacional. 
c) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoentendimento se submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento. 
d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da hamtonia da política nacional. 
e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais corno linguagem politim ou distintas convenções de comportamento, para compor a arena politica a ser compartilhada. 

2. Enem-Mec - Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua [Panamá] maiores indícios de outro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola em quatro anos, e que as terras da região não podem ser mais bonitas nem mais bem Iavradas. Ali, se quiserem podem mandar extrair à vontade. 
Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503.
Apud AMADO, J. FIQUEIREDO, L.C. Colombo e a América: quinhentos anos depois. São Paul: Atual, 1991 (Adaptado). 
O documento permite identificar um interesse econômico espanhol na colonização da América a partir do século XV. A implicação desse interesse na ocupação do espaço americano está indicada na 
a) expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico. 
b) promoção das guerras justas para conquistar o território. 
c) imposição da catequese para explorar o trabalho africano. 
d) opção pela policultura para garantir o povoamento ibérico. 
e) fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas. 

3. Enem-Mec - Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento. sob pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos designados por ele próprio. Que é indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir. afirmar e conservar leis. 
Declaração de Direitos. Disponível em http://disciplinas.stoa.usp.br 
No documento de 1, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos demais Estados europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime politico que predominavam na Europa continental estão indicados. respectivamente em: 
a) Redução da influência do papa - Teocracia 
b) Limitação do poder do soberano - Absolutismo. 
c) Ampliação da dominação da nobreza - República. 
d) Expansão da força do presidente - Parlamentarisrno. 
e) Restrição da competência do congresso - Presidencialismo.

4. Enem-Mec - Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho e de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite se dormir, parte de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vos despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio. 
VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado). 
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de cristo e 
a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.
b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
d) o papel dos senhores na administração dos engenhos.
e) o trabalho dos escravos na produção de açúcar. 

5. Enem-Mec - Fugindo a luta de classes, a nossa organização sindical tem sido um instrumento de harmonia e de cooperação entre o capital e o trabalho. Não se limitou a um sindicalismo puramente "operário", que conduziria certamente a luta contra o "patrão", como aconteceu com outros povos
FALCÃO, W. Cartas Sindicais. In: Boletin do Ministério do trabalho, indústria e comércio. Rio de Janeiro, 10 (85), set, 1941 (adaptado) 
Nesse documento oficial à época do Estado Novo (1937-1945), é apresentada uma concepção de organização sindical que 
a) elimina conflitos no ambiente das fábricas.
b) limita os direitos associativos do segmento patronal.
c) orienta a busca do consenso entre trabalhadores e patrões.
d) proíbe o registro de estrangeiros nas entidades profissionais do país.
e) desobriga o Estado quanto aos direitos e deveres da classe trabalhadora. 

6. Enem-Mec - O uso da água aumenta de acordo com as necessidades da população no mundo. Porém, diferentemente do que se possa imaginar, o aumento do consumo de água superou em duas vezes o crescimento populacional durante o século XX. 
TEIXEIRA.W.et.al. Decifrando a terra. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2009. 
Uma estratégia sócio espacial que pode contribuir para alterar a lógica de uso da água apresentada no texto é a 
a) ampliação de sistemas de reutilização hídrica. 
b) expansão da irrigação por aspersão das lavouras. 
c) intensificação do controle do desmatamento de florestas. 
d) adoção de técnicas tradicionais de produção. 
e) criação de incentivos fiscais para o cultivo de produtos orgânicos. 

7. Enem-Mec - Na França, o rei Luis XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar sua determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra
Charge 
a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios á vestimenta real. 
b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa o público sem a vestimenta real, o privado. 
c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei despretencioso e distante do poder público. 
d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos de outros membros da corte. 
e) a importância da vestimenta para a construção simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal. 

8. Enem-Mec - Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade è a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro individuo. 0 homem ê o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida. 
KANT, I. Resposta á pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis, 1985 (adaptado) 
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa 
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade. 
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas 
c) a imposição de verdades matemáticas, como caráter objetivo, de forma heterônoma. 
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento. 
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão. 

9. Enem-Mec - Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus, foram os próprios africanos trazidos como escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive a da região. Ha razões para pensar que os africanos, quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de elos culturais mais profundos. 
SLENES,R. Malungu, ngoma,vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12, dez/jan/fev. 1991-92 (adaptado) 
Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da África, a experiência da escravidão no Brasil tomou possível a
a) formação de uma identidade cultural afro-brasileira. 
b) superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições europeias. 
c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos. 
d) manutenção das características culturais especificas de cada etnia. 
e) resistência a incorporação de elementos culturais indígenas.

10. Enem- Mec - Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça. 
KING Jr.. M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963 Disponível em : www.plamares.gov.br. Acesso em: 30 nove. 2011 (adaptado). 
O cenário vivenciado pela população negra, no sul dos Estados Unidos nos anos 1950, conduziu á mobilização social. Nessa época, surgiram reivindicações que tinham como expoente Martin Luther King e objetivaram 
a) a conquista de direitos civis para a população negra. 
b) o apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em espaço urbano.
c) a supremacia das instituições religiosas em meio à comunidade negra sulista. 
d) a incorporação dos negros no mercado de trabalho. 
e) a aceitação da cultura negra como representante do modo de vida americano. 

11. Enem-Mec - É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer, mas a liberdade politica não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pude fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder. 
MONTESQUIEU. Do espírito das leis. São Paulo: Editora Nova Cultura, 1997 (adaptado). 
A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito 
a) ao status de cidadania que o individuo adquire ao tornar as decisões por si mesmo. 
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos a conformidade às leis. 
c) a possibilidade de o cidadão participar no poder e, no caso, livre da submissão as leis. 
d) ao livre-arbitrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde me ciente das consequências. 
e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais. 








12. Enem-Mec
Consequências sociais por conta da prisão de Mahatma 

Gandhi 
O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando 
a) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano. 
b) o apoio da população hindu à prisão de Gandhi. 
c) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa. 
d) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi. 
e) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu.

13. Enem-Mec
Texto I 
O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os redutos- seja nas áreas abandonadas pelo poder púbico, seja na politica ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes. Entrevista com Joel Birman. A corrupção é um crime sem rosto. ISTOE. Edição 2009, 3 fev. 2010



Texto II 
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do individuo, sem um controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações umas as outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um tipo ou de outro tipo. Elias, N. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. 
Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no texto II, o argumento do texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a 
a) Incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de controle policial. 
b) Manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos administrativos. 
c) Inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades brasileiras. 
d) Dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis com valores democráticos. 
e) Incapacidade das instituições políticos-legislativas em formular mecanismos de controle social específicos á realidade social brasileira. 

14. Enem-Mec 
Capitão América 
Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tiraria. Claro que, em tempos de guerra, um gibi de um herói com uma bandeia americana no peito aplicando um sopapo no Fuhrer só poderia ganhar destaque, e o sucesso não demoraria a chegar. 
COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica. Disponível em: www.revistastart.com.br Acesse em : 27 jan. 2012 (adaptado). 
A capa da primeira edição norte americana da revista do Capitão América demonstra sua associação com a participação dos Estados Unidos na luta contra
a) A Tríplice aliança, na primeira guerra mundial. 
b) Os regimes totalitários, na segunda guerra mundial 
c) O poder soviético, durante a guerra fria. 
d) O movimento comunista, na guerra do Vietnã. 
e) O terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001.

15. Enem-Mec
 Campanha contra a Guerra do Vietnã 
Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, movimentos como o Maio de 1968 ou a campanha contra a guerra do Vietnã culminaram no estabelecimento de diferentes formas de participação política. Seus slogans, tais como "Quando penso em revolução quero fazer amor", se tornaram símbolos da agitação cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se 
a) À contestação da crise econômica europeia, que fora provocada pela manutenção das guerras coloniais. 
b) À organização partidária da juventude comunista, visando o estabelecimento da ditadura do proletariado. 
c) À unificação das noções de liberdade individual, fornecendo um significado político ao uso do corpo. 
d) À defesa do amor cristão e monogâmico, com fins a reprodução, que era tomado como solução para os conflitos sociais. 
e) Ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que conviveram com a emergência do rock e de outras mudanças nos costumes.

16. Enem-Mec - Nossa cultura lipofóbica muito contribuiu para a distorção da imagem corporal, gerando gordos que se veem magros e magros que se veem gordos, numa quase unanimidade de que todos se sentem ou se veem "distorcidos". Engordamos quando somos gulosos. É pecado da gula que controla a relação do homem com a balança. Todo obeso declarou, um dia, guerra à balança. Para emagrecer é preciso fazer as pazes com a dita cuja, visando adequar-se às necessidades para as quais ela aponta. 
O texto apresenta um discurso de disciplinarização dos corpos, que tem como consequência 
a) A ampliação dos tratamentos médicos alternativos, reduzindo os gastos com remédios. 
b) A democratização do padrão de beleza, tornando-o acessível pelo esforço individual. 
c) O controle de consumo, impulsionando uma crise econômica na indústria de alimentos. 
d) A culpabilização individual, associando obesidade à fraqueza de caráter. 
e) Aumento da longevidade, resultando no crescimento populacional. 


17. Enem-Mec - Elaborado pelos partidários da Revolução Constitucionalista de 1932, o cartaz apresentado pretendia mobilizar a população paulista contra o governo federal.
Essa mobilização utilizou-se de uma referência histórica, associando o processo revolucionário
Cartaz da Revolução Constitucionalista. Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 29 jun. 2012
a) à experiência francesa, expressa no chamado à luta contra a ditadura.
b) aos ideais republicanos, indicados no destaque à bandeira paulista.
c) ao protagonismo das Forças Armadas, representadas pelo militar que empunha a bandeira.
d) ao bandeirantismo, símbolo paulista apresentado em primeiro plano.
e) ao papel figurativo de Vargas na política, enfatizado pela pequenez de sua figura no cartaz.

18. Enem-Mec - O que o projeto governamental tem em vista é poupar à Nação o prejuízo irreparável do perecimento e da evasão do que há de mais precioso no seu patrimônio. Grande parte das obras de arte até mais valiosas e dos bens de maior interesse histórico, de que a coletividade brasileira era depositária, têm desaparecido ou se arruinado irremediavelmente. As obras de arte típicas e as relíquias da história de cada país não constituem o seu patrimônio privado, e sim um patrimônio comum de todos os povos.
ANDRADE, R. M. F. Defesa do patrimônio artístico e histórico. O Jornal, 30 out. 1936.
 In: ALVES FILHO, I. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999 (adaptado).
A criação no Brasil do Serviço do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (SPHAN), em 1937, foi orientada por ideias como as descritas no texto, que visavam
a) submeter a memória e o patrimônio nacional ao controle dos órgãos públicos, de acordo com a tendência autoritária do Estado Novo.
b) transferir para a iniciativa privada a responsabilidade de preservação do patrimônio nacional, por meio de leis de incentivo fiscal.
c) definir os fatos e personagens históricos a serem cultuados pela sociedade brasileira, de acordo com o interesse público.
d) resguardar da destruição as obras representativas da cultura nacional, por meio de políticas públicas preservacionistas.
e) determinar as responsabilidades pela destruição do patrimônio nacional, de acordo com a legislação brasileira.

19. Enem-Mec - A soma do tempo gasto por todos os navios de carga na espera para atracar no porto de Santos é igual a 11 anos — isso, contando somente o intervalo de janeiro a outubro de 2011. O problema não foi registrado somente neste ano. Desde 2006 a perda de tempo supera uma década.
Folha de S. Paulo, 25 dez. 2011 (adaptado).
A situação descrita gera consequências em cadeia, tanto para a produção quanto para o transporte. No que se refere à territorialização da produção no Brasil contemporâneo, uma dessas consequências é a
a) realocação das exportações para o modal aéreo em função da rapidez.
b) dispersão dos serviços financeiros em função da busca de novos pontos de importação.
c) redução da exportação de gêneros agrícolas em função da dificuldade para o escoamento.
d) priorização do comércio com países vizinhos em função da existência de fronteiras terrestres.
e) estagnação da indústria de alta tecnologia em função da concentração de investimentos na infraestrutura
de circulação.

20. Enem-Mec - Diante dessas inconsistências e de outras que ainda preocupam a opinião pública, nós, jornalistas, estamos encaminhando este documento ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, para que o entregue à Justiça; e da Justiça esperamos a realização de novas diligências capazes de leva à completa elucidação desses fatos e de outros que porventura vierem a ser levantados.
Em nome da verdade. In: O Estado de São Paulo, 3 fev. 1976. Apud. FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida durante o regime militar, em 1975, levou a medidas como o abaixo-assinado feito por profissionais da imprensa de São Paulo. A análise dessa medida tomada indica
a) certeza do cumprimento das leis.
b) superação do governo de exceção.
c) violência dos terroristas de esquerda.
d) punição dos torturadores da polícia.
e) expectativa da investigação dos culpados

21. Enem-Mec
 A figura apresentada é de um mosaico, produzido por volta do ano 300 d.C., encontrado na cidade de Lod, atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que representam uma característica política dos romanos no período, indicada em:
a) Cruzadismo – conquista da terra santa.
b) Patriotismo – exaltação da cultura local.
c) Helenismo – apropriação da estética grega.
d) Imperialismo – selvageria dos povos dominados.
e) Expansionismo – diversidade dos territórios conquistados.

22. Enem-Mec - Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde Pedro I fora recebido com grande frieza, seus partidários prepararam uma série de manifestações a favor do imperador no Rio de Janeiro, armando fogueiras e luminárias na cidade. Contudo, na noite de 11 de março, tiveram início os conflitos que ficaram conhecidos como a Noite das Garrafadas, durante os quais os “brasileiros” apagavam as fogueiras “portuguesas” e atacavam as casas iluminadas, sendo respondidos com cacos de garrafas jogadas das janelas.
VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008 (adaptado).
Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracterizaram pelo aumento da tensão política. Nesse sentido, a análise dos episódios descritos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro revela
a) estímulos ao racismo.
b) apoio ao xenofobismo.
c) críticas ao federalismo.
d) repúdio ao republicanismo.
e) questionamentos ao autoritarismo.

23. Enem-Mec - Portadora de memória, a paisagem ajuda a construir os sentimentos de pertencimento; ela cria uma atmosfera que convém aos momentos fortes da vida, às festas, às comemorações.
CLAVAL, P. Terra dos homens: a geografia. São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado).
No texto, é apresentada uma forma de integração da paisagem geográfica com a vida social. Nesse sentido, a paisagem, além de existir como forma concreta, apresenta uma dimensão
a) política de apropriação efetiva do espaço.
b) econômica de uso de recursos do espaço.
c) privada de limitação sobre a utilização do espaço.
d) natural de composição por elementos físicos do espaço.
e) simbólica de relação subjetiva do indivíduo com o espaço.


24. Enem-Mec - A singularidade da questão da terra na África Colonial é a expropriação por parte do colonizador e as desigualdades raciais no acesso à terra. Após a independência, as populações de colonos brancos tenderam a diminuir, apesar de a proporção de terra em posse da minoria branca não ter diminuído proporcionalmente.
MOYO, S. A terra africana e as questões agrárias: o caso das lutas pela terra no Zimbábue. In: FERNANDES, B. M.; MARQUES, M. I. M.; SUZUKI, J. C. (Org.). Geografia agrária: teoria e poder. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
Com base no texto, uma característica socioespacial e um consequente desdobramento que marcou o processo de ocupação do espaço rural na África subsaariana foram:
a) Exploração do campesinato pela elite proprietária – Domínio das instituições fundiárias pelo poder público.
b) Adoção de práticas discriminatórias de acesso à terra – Controle do uso especulativo da propriedade fundiária.
c) Desorganização da economia rural de subsistência – Crescimento do consumo interno de alimentos pelas famílias camponesas.
d) Crescimento dos assentamentos rurais com mão de obra familiar – Avanço crescente das áreas rurais sobre as regiões urbanas.
e) Concentração das áreas cultiváveis no setor agroexportador – Aumento da ocupação da população pobre em territórios agrícolas marginais.

25. Enem-Mec
Texto I
A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras forças econômicas sem rosto ou localização física conhecida que não prestam contas a ninguém e se espalham pelo globo por meio de milhões de transações diárias no ciberespaço.
ROSSI, C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de São Paulo, 11 dez. 2011 (adaptado).
Texto II
Estamos imersos numa crise financeira como nunca tínhamos visto desde a Grande Depressão iniciada em 1929 nos Estados Unidos.
Entrevista de George Soros. Disponível em: www.nybooks.com. Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado).
A comparação entre os significados da atual crise econômica e do crash de 1929 oculta a principal diferença entre essas duas crises, pois
a) o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na I Guerra Mundial e a atual crise é o resultado dos gastos militares desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque.
b) a crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de superprodução industrial nos EUA e a atual crise resultou da especulação financeira e da expansão desmedida do crédito bancário.
c) a crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países europeus reconstruídos após a I Guerra e a atual crise se associa à emergência dos BRICS como novos concorrentes econômicos.
d) o crash da Bolsa em 1929 resultou do excesso de proteções ao setor produtivo estadunidense e a atual crise tem origem na internacionalização das empresas e no avanço da política de livre mercado.
e) a crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-americana sobre o sistema de comércio mundial e a atual crise resultou do excesso de regulação do governo desse país sobre o sistema monetário.

26. Enem-Mec –
 Disponível em: http://primeira-serie.blogspot.com.br. Acesso em: 07 dez. 2011 (adaptado).
Na imagem do início do século XX, identifica-se um modelo produtivo cuja forma de organização fabril baseava-se na
a) autonomia do produtor direto.
b) adoção da divisão sexual do trabalho.
c) exploração do trabalho repetitivo.
d) utilização de empregados qualificados.
e) incentivo à criatividade dos funcionários.

27. Enem-Mec - Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.

28. Enem-Mec - As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande maioria, vivem numa situação de exclusão e subalternidade. O termo quebradeira de coco assume o caráter de identidade coletiva na medida em que as mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua posição e condição desvalorizada pela lógica da dominação, se organizam em movimentos de resistência e de luta pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais, pela autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir significados ao seu trabalho e as suas experiências, tendo como principal referência sua condição preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.
ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela libertação do
coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado).
A organização do movimento das quebradeiras de coco de babaçu é resultante da
a) constante violência nos babaçuais na confluência de terras maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, região com elevado índice de homicídios.
b) falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migrantes das cidades e com pouco vínculo histórico com as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí.
c) escassez de água nas regiões de veredas, ambientes naturais dos babaçus, causada pela construção de açudes particulares, impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos.
d) progressiva devastação das matas dos cocais, em função do avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte brasileiro.
e) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no acesso aos babaçuais localizados no interior de suas propriedades.

29. Enem-Mec - Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao
a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.
b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.

30. Enem-Mec - A partir dos anos 70, impõe-se um movimento de desconcentração da produção industrial, uma das manifestações do desdobramento da divisão territorial do trabalho no Brasil. A produção industrial torna-se mais complexa, estendendo-se, sobretudo, para novas áreas do Sul e para alguns pontos do Centro-Oeste, do Nordeste e do Norte.
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2002 (fragmento).
Um fator geográfico que contribui para o tipo de alteração da configuração territorial descrito no texto é:
a) Obsolescência dos portos.
b) Estatização de empresas.
c) Eliminação de incentivos fiscais.
d) Ampliação de políticas protecionistas.
e) Desenvolvimento dos meios de comunicação.

31. Enem-Mec –
Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei
GONZAGA, L.; CORDOVIL. H. A vida de viajante, 1953. Disponível em: www.recife.pe.gov.br. Acesso em: 20 fev. 2012 (fragmento).
A letra dessa canção reflete elementos identitários que representam a
a) valorização das características naturais do Sertão nordestino.
b) denúncia da precariedade social provocada pela seca.
c) experiência de deslocamento vivenciada pelo migrante.
d) profunda desigualdade social entre as regiões brasileiras.
e) discriminação dos nordestinos nos grandes centros urbanos.