PROFESSOR DE HISTÓRIA MUITO DOIDO
Minhas experiencias como professor de Ensino Fundamental e Médio, alem de minhas viagens e excursões didáticas com os meus alunos.
domingo, 3 de setembro de 2017
segunda-feira, 3 de julho de 2017
Algumas Revoluções Socialistas no Seculo XX
REVOLUÇÕES
SOCIALISTAS NO SECULO XX
REVOLUÇÃO
RUSSA (1917)
Em meados do século XIX, a Rússia mantinha
relações feudais no campo. Os servos (mujiques) não podiam abandonar as terras,
onde ficavam sob a tutela de nobres (boiardos). Um segmento social rural --- os
kulaks, uma pequena burguesia agrária --- era formado por camponeses mias
bastados, que empregavam trabalhadores assalariados.
Apenas no fim do século XIX o país começou a
se industrializar, com financiamentos estrangeiros. O estado imperial era
comandado por um imperador (czar) despótico, que tomava todas as decisões
administrativas. Até o início do século XX, 85% da população russa vivia no
campo e apresentava estruturas sociais e econômicas tipicamente agrárias.
Em
1890, fundou-se o primeiro partido político de tendência socialista, o Partido
Operário Social Democrata Russo, liderado por Lenin, Trotski e outros. Em 1903,
o partido estava dividido em dois. O grupo dos mencheviques defendia alianças com a burguesia para que a Rússia
atingisse o desenvolvimento capitalista pretendido por Marx, para depois
concretizar a revolução que conduziria o país ao socialismo. A facção liderada
por Lenin, os bolcheviques, acreditava
que a revolução deveria ser feita de imediato, pela aliança entre operário e
camponeses liderados pelo partido.
Em 1904, a participação e a derrota
russa Guerra Russo- Japonesa acentuaram a crise do regime czarista e agravaram
a miséria em que vivia a população. Uma série de greves estabeleceu-se por todo
o país.
Em 1905, mais de mil pessoas foram
mortas em uma manifestação em São Petersburgo; o episódio ficou conhecido como domingo sangrento. A partir de então,
protestos violentos intensificaram-se em todo o país. Os operários criaram
conselhos denominados sovietes, para analisar em conjunto as decisões a serem
adotadas contra o regime.
Em agosto do mesmo ano, o czar
determinou a criação da Duma (Parlamento). Dois meses depois, diante das
pressões populares, publicou o Manifesto de outubro, substituindo o regime por
uma monarquia constitucional.
Em 1914, na entrada da Rússia na
primeira Guerra Mundial gerou intensos protestos. Com soldados mal-equipados e
sem um comando eficiente, a Rússia perdeu quatro milhões de homens.
Internamente, a crise intensificava-se à medida que aumentava os gastos
militares. As greves alastravam-se e a cidade de Petrogrado foi o palco inicial
de uma revolução que percorreu o país, em fevereiro de 1917.
A vitória da revolução ocorreu em três
dias, com a tomada dos prédios públicos. O soviete de deputados operários
reuniu-se, enquanto um comitê provisório da Duma preparava-se para assumir o
governo. Era o fim do regime czarista russo.
O comitê provisório da Duma foi
transformado em um governo provisório,
chefiado por Kerenski, que manteve a Rússia na guerra.
Lenin retornou na suíça, onde ficou
exilado desde a revolução de 1905, trazendo um programa de ação revolucionária
---- as Teses de Abril ---- que
propunha o estabelecimento da paz, “todo o poder aos sovietes”, a
nacionalização dos bancos, o controle operário sobre as fábricas e usinas e a
ocupação das terras pelos camponeses.
O governo provisório passou à perseguir
os líderes bolcheviques e a reprimir movimentos populares. Lenin refugiou-se na
Finlândia.
Depois de tornar-se presidente do
Soviete de Petrogrado, Trotski organizou uma milícia popular para enfrentar as
forças do governo --- a Guarda Vermelha.
Retornado da Finlândia, Lenin assumiu o
comando da revolução ao lado de Trotski e de outros líderes do Partido
Bolchevique, como Stalin, Bukarin e Kirov.
Na noite de 24 de outubro (6 de novembro
no calendário ocidental), os bolcheviques ocuparam os principais órgãos do
governo, enquanto o povo tomava as ruas de Petrogrado e o couraçado Aurora
bombardeava o Palácio de Inverno. Sem o respaldo das tropas que já estavam
aliadas aos revolucionários, Kerenski fugiu, e Lenin chegou ao poder. Estava
consagrada a Revolução Socialista de
Outubro de 1917.
GOVERNO
LENIN (1917-1924)
Em março de 1918, a Rússia retirou-se da
Primeira Guerra Mundial pelo acordo de paz de Brest-Litovsky.
As primeiras decisões socialistas do
governo Lenin foram o confisco sumário e sem indenização das grandes propriedades;
a expropriação completa das indústrias; a entrega da direção das empresas a
nomes indicados pelos sindicatos; o confisco das colheitas, exceto para consumo
próprio; a regulamentação da produção e do consumo; o racionamento generalizado
(foram estabelecidas cotas de consumo de leite, pão e lenha para cada família);
a mobilização da polícia política para punir os infratores; a nacionalização de
toda empresa estrangeira que possuísse pelo menos cinco operários.
Entre 1918 e 1921, a Rússia viveu uma
guerra civil provocada pela oposição ao bolchevismo, que contava com o apoio de
países capitalistas; estes formaram o Exército
Branco, que lutou conta o Exército
Vermelho, comandado por Trotski. Após a vitória do Exército Vermelho,
consolidava-se o regime socialista russo.
Em fevereiro de 1921, Lenin criou a Comissão Estatal para Planificação
Econômica (Gosplan), responsável por gerenciar a economia; no mês seguinte,
organizou uma série de reformas conhecida por Nova Política Econômica (NEP), com as quais pretendia adotar
medidas liberalizantes --- de caráter capitalista --- na economia socializada
da Rússia, para elevar a produção e melhorar a economia país. Os resultados da
NEP são considerados positivos, pois reorganizaram as atividades agrícola e
industrial.
Em 1922, os Estados não russos foram
integrados a República Socialista Soviética Russa. Dois anos depois, uma nova
constituição instituiu a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas.
(URSS)
A morte de Lenin, em janeiro de 1924, provocou
uma disputa interna pelo poder, que significou um confronto entre propostas
divergentes para a condução do processo revolucionário. Trotski defendia a revolução permanente e a internacionalização da revolução, para
garantir o sucesso do socialismo.
Joseph Stalin, outro líder da disputa,
propunha que o socialismo deveria
ser construído em um só pais, assim a URSS se
transformaria em uma potência capaz de se proteger sozinha.
GOVERNO
STALIN (1929-1953)
Stalin conquistou grande influência no
Partido Comunista da União Soviética e, agindo de forma arbitrária e
autoritária, impôs sua tese às bases partidárias, garantindo a vitória.
Neutralizando os concorrentes, assumiu total controle sobre o Estado e
tornou-se ditador da União Soviética.
Durante seu governo, Stalin estruturou um
gigantesco sistema de repressão contra toda a oposição, até mesmo contra
antigos companheiros de Lenin e dele próprio, como Trotski e Kamenev.
Estima-se que entre 500 mil e um milhão de
pessoas tenham sido mortas a mando de Stalin. Consolidava a ditadura, o líder
soviético iniciou uma hábil campanha propaganda e culto à personalidade.
Stalin substituiu a NEP pelos planos
quinquenais, com objetivos ou metas econômicos a serem atingidas em 1939, dois
os planos quinquenais já haviam sido
aplicados, ambos com esforços de expansão
da indústria pesada. A coletivização forçada da agricultura resultou na
extinção das pequenas e médias propriedades que haviam sido autorizadas pela
NEP. Foram instaladas as kolkhozes, cooperativas produção, menos a terra,
pertencia aos trabalhadores soviéticos morreu nas obras ou em consequência do
processo de coletivização forçada.
A
Revolução Vermelha russa (outubro de 1917) e seus desdobramentos abalaram o
mundo capitalista, pois, pela primeira vez na história, uma revolução desse
tipo conseguia instituir um governo não capitalista de longa duração --- ao
contrário da Comuna de Paris, cuja existência foi efêmera.
A partir daí, os países capitalistas
passaram a se preocupar cada vez mais com o avanço do socialismo.
A
REVOLUÇÃO CHINESA (1949)
O século XX na China iniciou-se com a
tentativa de derrubada de valores de dominação e exploração do povo chinês,
submetido, desde o século XIX, a várias potências imperialistas, especialmente
a partir da Guerra do ópio (1841).
Essa exploração encontrou apoio nos mandarins, funcionários do Estado imperial,
e senhores de terra. Baseando-se na filosofia de Confúcio, que pregava o
respeito à autoridade e à hierarquia e o culto ao passado, mantinham as
tradicionais estruturas dos privilégios, o que favorecia dominação.
A revolta dos Boxers (1898-1901), embora
fracassada, foi uma dessas tentativas, despertando o descontentamento geral, a
chama revolucionária e a conscientização da população de que a dinastia Manchu,
que então governava a China e cooperava com a dominação internacional, era a
responsável pela miséria do país.
Em 1911, em meio à ebulição sociopolítica,
foi proclamada a República chinesa,
que, entretanto, quase nada pôde fazer diante das potências imperialistas que
ocupavam o país. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o domínio das potências
imperialistas foi encabeçado pelo Japão, enquanto o governo republicano
liderado por Sun Yat-Sen, do partido
Nacionalista (Kuomintang), sofria
sucessivas pressões regionais pela autonomia, provocadas pelos chefes militares
locais, além do contínuo domínio internacional.
Em 04 de maio de 1919, três mil estudantes
universitários marcharam pelas ruas de Pequim, manifestando-se contra a
aceitação, por parte do governo, das humilhantes exigências feitas pelo Japão
sobre a china e concedidas no tratado de Versalhes. Os estudantes foram logo
apoiados por outros setores que promoveram greves e manifestações em todo o
país. Uma delas ocorreu em 1920, em Xangai, influenciada pela revolução
socialista russa, enquanto era fundado o partido Comunista Chinês (PCC), que
contava com a participação de Mao
Tse-tung.
No início da década de 20, o governo do
Kuomintang conviveu com o Partido Comunista Chinês, que crescia
vertiginosamente, e também, sem grandes atritos com a União Soviética. O
objetivo imediato do governo era a unificação nacional e as lutas contra a
autonomia dos senhores locais e as potências imperialistas. Para isso, contava
com o apoio dos comunistas.
A partir de 1925, porém, Chiang Kai-shek assumiu o comando das tropas do Kuromintang e
iniciou uma política agressiva, contra o Partido Comunista, rompendo a frente
única. Foi apoiado pelos chefes militares locais, temerosos da efervescência
popular e do PCC, pelas potências imperialistas, que passaram a ver o
Kuomintang como vital para o futuro da China. Este esmagou pela força o
movimento popular urbano.
Diante das derrotas sofridas nas cidades de
Xangai e Pequim, o Partido Comunista, sob a liderança de Mao Tse-tung e Teh,
retirou-se para o anterior do país a fim de organizar suas bases de apoio. Em
1931, foi proclamada a República Soviética da China, em Kiangsi, no leste do
país.
A unidade do país era mantida por Chiang
Kai-shek à custa de uma série de acordos com os chefes militares locais, que,
possuidores de independência parcial, comprometiam o próprio governo nacional. A
partir de 1930, a crise e as indefinições cresceram, originando uma guerra
civil. Aproveitando-se da fragilidade chinesa do Japão invadiu a Manchúria, em
1931, e estabeleceu um Estado satélite – o Manchukuo
– no Norte do país. O Kuomintang passou a sofrer dupla pressão: do imperialismo
japonês e da ameaça comunista no interior do país.
Em 1934, os nacionalistas organizaram uma
grande campanha militar para esmagar os comunistas. Fugindo das tropas do
Kuomintang os cem mil homens do Exército Popular de Libertação, liderados por
Mao, percorreram dez mil quilômetros a pé – a Longa Marcha (1934-1935) -, restando ao fim de um ano apenas nove
mil. Transformado no líder dos vermelhos, Mao Tse-tung foi escolhido para
secretário-geral do PCC, sendo assessorado por Lin Piao e Chou Em-Iai.
Diante do insistente avanço japonês, Mao
Tse-tung propôs a organização de uma nova frente única – Kuomintang e PCC-, o
que levou a um acordo, concluído em 1937. Até o final da Segunda Guerra
Mundial, essa frente deu ao PCC o controle de parte do exército chinês, além de
uma crescente popularidade, ao denunciar a corrupção das tropas de Chiang
Kai-shek.
Com a capitulação do Japão na Segunda Guerra
Mundial, em agosto de 1945, Chiang Kai-shek decreta, em 04 de julho de 1946,
uma mobilização nacional, a fim de eliminar definitivamente o “perigo
vermelho”. Contando com o apoio norte-americano, que lhes fornecia militares e
financeiros,Chiang Kai-shek passou a ser visto pelos chineses como um “cúmplice
do estrangeiro”.
Enquanto isso, a União Soviética envolvida com
seus próprios problemas de pós-guerra, adotava com a China uma política ambígua
e hesitante, deixando sem apoio os guerrilheiros do Exército Popular de
Libertação, que, mesmo assim, continuaram avançando e atacando o Kuomintang.
O
exército do PCC foi ganhando terreno, até que,em janeiro de 1949, entrou
vitorioso em Pequim, e, em 10 de outubro, foi proclamada a República Popular da China.
Chiang Kai-shek e seus seguidores refugiaram-se na ilha de Formosa (Taiwan),
onde instalaram o governo da China Nacionalista,
que recebeu forte apoio norte-americano durante a guerra da Coréia e toda a
Guerra fria. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos isolaram a China, negando-lhe
reconhecimento diplomático e intercâmbio econômico.
REVOLUÇÃO
CUBANA (1960)
Depois da independência (1898) da Espanha,
Cuba foi colocada sob a influência dos Estados Unidos, através da Emenda Platt, em 1901. Em 1934,
Fulgêncio Batista assumiu o poder e passou a governar segundo interesses do
imperialismo estadunidense.
Em 1952 por meio de um golpe de Estado,
Fulgêncio Batista instalou no país uma ditadura.
Em 1953, UM GRUPO DE REBELDES CHEFIADOS POR Fidel Castro Ruiz tentou tomar o
poder por meio de um golpe contra Batista. A tentativa resoltou em fracasso, e
Fidel Castro foi preso.
Libertado em 1955, Fidel Castro exilou-se
no México, onde se uniu a outros exilados cubanos e organizou o retorno à ilha.
No grupo de rebeldes, constituído por menos de 90 homens, destacava-se o médico
argentino Ernesto Guevara de la Serra (Conhecido por Che).
No fim de novembro de 1956, o grupo
partiu do México em destino a Cuba, onde iniciou a revolução para a tomada
poder.
Depois de dois anos de conflito, Fulgêncio
Batista fugiu para a República Dominicana; no dia seguinte, os revolucionários
entraram em Havana.
Fidel
Castro assumiu o controle do Estado e do exército revolucionário, nacionalizou
empresas estrangeiras e promoveu a reforma agrária; depois de expropriar terras
da oligarquia cubana e de empresas estadunidenses.
Em
janeiro de 1961, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Cuba; em
abril, exilados cubanos treinados pela CIA, tentaram invadir Cuba e derrubar
Fidel. A fracassada tentativa de invasão na Baía dos Porcos acelerou o rompimento definitivo do governo cubano
com o mundo capitalista. Em dezembro de 1961, Fidel anunciou a adesão de Cuba
ao socialismo, aproximando-se da União Soviética. Em 1962, a tentativa de
instalação de mísseis soviéticos em Cuba gerou um dos momentos mais tensos da
Guerra Fria, na chamada Crise dos
Mísseis. A questão foi resolvida com o compromisso soviético de não
instalar armas em solo cubano, enquanto do lado dos Estados Unidos o governo
assumiu o compromisso de não mais tentar intervir militarmente em Cuba.
Os Primórdios do Socialismo
Os
primórdios do socialismo
Prof.:
Gonçalo Francisco de Pontes Filho
Vinculados ao movimento cartista surgiram os socialistas, propondo a criação de uma
sociedade baseada na cooperação, e não na competição, um sistema socioeconômico
em que a produção e a distribuição de bens seriam planejadas para o bem geral
da sociedade.
Alguns socialistas, classificados como utópicos, esboçaram modelos para um
mundo melhor. Eles foram assim chamados por não terem criado uma doutrina
organizada, visando a destruição da sociedade capitalista.
O
Socialismo Utópico
Saint-Simon (1760-1825),socialista
francês, renunciou a seu título de nobreza durante a Revolução Francesa, mas,
segundo ele, a filosofia iluminista, embora tivesse ajudado a destruir a ordem
antiga, não proporcionara uma orientação para a reconstrução da sociedade. Ele
tomou para si a missão de construir a nova sociedade, oferecendo uma
compreensão clara da nova era a ser modelada pela ciência e pela indústria.
A nova sociedade, diferente da propiciada pela igreja na
Idade Média, deveria nascer do conhecimento científico. Cientistas,
industriais, banqueiros, artistas e escritores substituiriam clérigos e
aristocratas na elite governante. O clero tradicional, tendo colocado o dogma
acima da lei moral, perdera o direito de liderar a Europa naquela nova era, e
um novo clero, inteiramente a par do conhecimento científico instruiria os
fiéis a amarem uns aos outros. Haveria um novo cristianismo, despojado de mitos
e dogmas, ajustando à nova era da ciência, unindo espiritual e moralmente todos
os povos da Europa.
Charles Fourier
(1772-1837), outro socialista francês, acreditava que a infelicidade humana
devia-se ao conflito entre as necessidades naturais do homem e a disposição da
sociedade de então. Enquanto Saint-Simon e seus adeptos pensavam em reorganizar
a sociedade em grande escala - grandes indústrias, gigantescas estradas de
ferro e sistemas de canais -, Fourier idealizava pequenas comunidades, nas
quais homens e mulheres pudessem desfrutar de prazeres simples e satisfazer
suas verdadeiras necessidades humanas. Nessas comunidades, chamadas falanstérios, todos trabalhariam em
tarefas que lhes interessassem e produziriam para si e para os outros.
Dinheiros e bens não seriam distribuídos igualmente, aqueles com dotes
especiais e responsabilidades seriam recompensados de acordo, isso para que as
pessoas tivessem um desejo natura de ser reconhecidas por suas realizações.
Fourier apoiava a igualdade entre os sexos. As mulheres,
tanto quanto os homens, deveriam escolher seus empregos. O casamento seria pura
brutalidade, por negas as necessidades sexuais da maioria de homens e mulheres,
cuja natureza, se rebelava contra a monogamia estrita. As pessoas casadas,
tendo de devotar todas as suas energias e todo o seu tempo à casa e/ou à
familia, não podiam desfrutar dos prazeres da vida nem se ocupar com outros
seres humanos. Para Fourier, as pessoas deveriam escapar da monotonia pela
mudança, não só de ocupação como também de amores. A familia iria desaparecer
por sua própria conta quando os homens e mulheres descobrissem novos modos de
satisfazer suas necessidades sexuais e a comunidade assumisse a
responsabilidade pela educação das crianças. Em 1840, cerca de 29 comunidades
fourieristas estavam estabelecidas nos Estados Unidos, mas a sua duração foi
curta.
Robert Owen
(1771-1858) tornou-se, em 1779, coproprietário e gerente da fábrica de tecido
de algodão New Lanark, na Escócia, penalizado com os maus-tratos frequentemente
infligidos aos trabalhadores aumentou os salários, melhorou as condições de
trabalho, providenciou-lhes moradia, alimentação e vestuário a preços
razoáveis, e recusou-se a contratar crianças menores de 10 anos. Além disso,
forneceu oportunidades educacionais para as crianças e iniciou um programa de
ensino para os adultos.
Owen quis assim demonstrar que um melhor tratamento
dispensado aos trabalhadores não era incoerente com os lucros. Mais felizes e
mais saudáveis, eles produziriam mais. Ele acreditava que a ordem social e
econômica de então, fundada na competição, deveria ser substituída por um
sistema baseado na vida harmoniosa em grupo. Estabeleceu uma comunidade modelo
em New Harmony, Indiana, nos Estados Unidos, mas essa experiência terminou em
fracasso.
PENSANDO
A REVOLUÇÃO INTERNACIONAL
No manifesto Comunista de 1848, além de identificar a
situação de contestação política na Europa, Marx também procurava decifrar a
lógica das lutas sociais da classe operária e de diversas outras classes
sociais ao longo da História.
As lutas políticas do século XIX foram objeto de suas
análises em diversos outros escritos. No lugar das vagas e abstratas definições
de povo e população, Marx e Engels preferiram recorrer à categoria classe social. No lugar de apelo
nacionalista, formularam uma palavra de ordem internacionalista: “Operários de todo o mundo, uni-vos!”
O
Socialismo Científico
No manifesto Comunista de 1848, Marx e Engels defendiam a
construção de uma sociedade igualitária, na qual as riquezas seriam divididas
entre todos os seus integrantes e sob o controle dos trabalhadores.
Ao contrário dos grupos que ainda acreditavam que a
tomada do poder poderia se realizar pela participação dos trabalhadores nas
eleições e por meio de medidas graduais, Marx e Engels apoiavam o assalto do
poder através da organização da classe trabalhadora. Para eles, as
reivindicações econômicas, além de necessárias para a sobrevivência do
trabalhador, tinham como objetivo despertar a consciência de classe do
proletariado aos interesses eram contrários aos interesses da burguesia e
jamais seriam satisfeitos numa sociedade capitalista.
Seus trabalhos serviam como orientação geral para
diversas lideranças do movimento operário, que passaram a se autodeterminar comunistas. Ao longo do século XIX, ao
mesmo tempo em que as lutas operárias eram mais constantes, as análises
teóricas sobre o capitalismo tornavam-se mais profundas. Os escritos de Marx
acabaram por formar uma importante corrente de pensamento: o marxismo.
Para os marxistas, a história da humanidade era
movimentada pela luta de classes. Na antiguidade, os escravos lutavam contra
seus senhores. Na Idade Média, os servos contra os senhores feudais. Na época
contemporânea, os trabalhadores contra a burguesia.
No capitalismo, de um lado, estaria a burguesia, que
concentrava em suas mãos os capitais e a tecnologia; de outro, o proletariado,
responsável pela produção e que tomaria o poder.
Os marxistas defendiam que após a derrota da burguesia
pela ação política do proletariado, a sociedade seria radicalmente modificada,
No lugar da propriedade privada, a propriedade coletiva, nas mãos de um Estado
dirigido pelos representantes dos trabalhadores. No lugar da sociedade
capitalista, uma sociedade socialista.
O socialismo era
encarado como um momento intermediário até se chegar ao comunismo, quando não haveria mais necessidade do Estado. Além
disso, no mundo comunista, homens e mulheres viveriam livres, numa sociedade
sem classes, em completa igualdade, e poderiam realizar plenamente suas
potencialidades. Para Marx, o comunismo marcaria o início da História da
humanidade. Até então, os seres humanos teriam vivido na sua pré-história.
A emancipação proletária marcaria o início de uma nova
aurora para os seres humanos. Seria o fim daquele imenso vale de lágrimas em
que o mundo se transformara aos sofrimentos e violências.
O Anarquismo
Como os marxistas, os anarquistas
protestavam conta a exploração dos trabalhadores e exigiam a extinção da
propriedade privada. Mas, ao contrário dos marxistas, que previam o fim do
Estado após a derrubada do capitalismo, eles exigiam sua destruição imediata.
“Eu não quero nem dar nem receber ordens.” Essa frase do filósofo, iluminista
Diderot, inspirou grande parte dos líderes do anarquismo. Os anarquistas
propunham uma sociedade igualitária, em que a propriedade fosse coletiva, não
houvesse patrões nem operários e todos trabalhassem e se divertissem com liberdade.
Para eles, a sociedade capitalista deveria ser transformada por uma revolução
que eliminasse as diferenças sociais e a propriedade privada.
Pierre Joseph Proudhon
(1809-1865), francês e inspirador do movimento anarquista, defendia a criação
de uma nova sociedade, que ampliasse a liberdade individual e livrasse o
trabalho da exploração do capitalismo industrial. Nessa nova ordem social,
constituída pela organização dos operários, as pessoas tratariam com justiça
seu próximo e desenvolveriam seu potencial. Uma sociedade assim não requeria um
governo que somente alimentasse privilégios e suprimisse a liberdade.
Reverenciado pelos anarquistas de todo o mundo, tornou célebre a formulação que
viria a ser um dos grandes lemas do movimento operário: “A propriedade é um
roubo”.
Outro grande representante do
anarquismo foi o russo Mikhail Bakunin
(1814-1876). Enquanto Marx sustentava que a revolução seria feita pelos
operários nos países industriais, Bakunin desejava que os oprimidos de todas as
classes, incluindo os camponeses, se revoltassem.
Bakunin temia que os marxistas, após
terem derrotado o capitalismo e tomado o poder, se tornassem os novos
exploradores. Uma vez no poder, eles se converteriam em uma minoria privilegiada
de ex-trabalhadores, que, com o poder nas mãos, passariam a representar a si
mesmos e a defender seus interesses. Para Bakunin, o Estado deveria ser
destruído pelos trabalhadores imediatamente após a revolução.
quarta-feira, 28 de junho de 2017
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