REVOLUÇÕES
SOCIALISTAS NO SECULO XX
REVOLUÇÃO
RUSSA (1917)
Em meados do século XIX, a Rússia mantinha
relações feudais no campo. Os servos (mujiques) não podiam abandonar as terras,
onde ficavam sob a tutela de nobres (boiardos). Um segmento social rural --- os
kulaks, uma pequena burguesia agrária --- era formado por camponeses mias
bastados, que empregavam trabalhadores assalariados.
Apenas no fim do século XIX o país começou a
se industrializar, com financiamentos estrangeiros. O estado imperial era
comandado por um imperador (czar) despótico, que tomava todas as decisões
administrativas. Até o início do século XX, 85% da população russa vivia no
campo e apresentava estruturas sociais e econômicas tipicamente agrárias.
Em
1890, fundou-se o primeiro partido político de tendência socialista, o Partido
Operário Social Democrata Russo, liderado por Lenin, Trotski e outros. Em 1903,
o partido estava dividido em dois. O grupo dos mencheviques defendia alianças com a burguesia para que a Rússia
atingisse o desenvolvimento capitalista pretendido por Marx, para depois
concretizar a revolução que conduziria o país ao socialismo. A facção liderada
por Lenin, os bolcheviques, acreditava
que a revolução deveria ser feita de imediato, pela aliança entre operário e
camponeses liderados pelo partido.
Em 1904, a participação e a derrota
russa Guerra Russo- Japonesa acentuaram a crise do regime czarista e agravaram
a miséria em que vivia a população. Uma série de greves estabeleceu-se por todo
o país.
Em 1905, mais de mil pessoas foram
mortas em uma manifestação em São Petersburgo; o episódio ficou conhecido como domingo sangrento. A partir de então,
protestos violentos intensificaram-se em todo o país. Os operários criaram
conselhos denominados sovietes, para analisar em conjunto as decisões a serem
adotadas contra o regime.
Em agosto do mesmo ano, o czar
determinou a criação da Duma (Parlamento). Dois meses depois, diante das
pressões populares, publicou o Manifesto de outubro, substituindo o regime por
uma monarquia constitucional.
Em 1914, na entrada da Rússia na
primeira Guerra Mundial gerou intensos protestos. Com soldados mal-equipados e
sem um comando eficiente, a Rússia perdeu quatro milhões de homens.
Internamente, a crise intensificava-se à medida que aumentava os gastos
militares. As greves alastravam-se e a cidade de Petrogrado foi o palco inicial
de uma revolução que percorreu o país, em fevereiro de 1917.
A vitória da revolução ocorreu em três
dias, com a tomada dos prédios públicos. O soviete de deputados operários
reuniu-se, enquanto um comitê provisório da Duma preparava-se para assumir o
governo. Era o fim do regime czarista russo.
O comitê provisório da Duma foi
transformado em um governo provisório,
chefiado por Kerenski, que manteve a Rússia na guerra.
Lenin retornou na suíça, onde ficou
exilado desde a revolução de 1905, trazendo um programa de ação revolucionária
---- as Teses de Abril ---- que
propunha o estabelecimento da paz, “todo o poder aos sovietes”, a
nacionalização dos bancos, o controle operário sobre as fábricas e usinas e a
ocupação das terras pelos camponeses.
O governo provisório passou à perseguir
os líderes bolcheviques e a reprimir movimentos populares. Lenin refugiou-se na
Finlândia.
Depois de tornar-se presidente do
Soviete de Petrogrado, Trotski organizou uma milícia popular para enfrentar as
forças do governo --- a Guarda Vermelha.
Retornado da Finlândia, Lenin assumiu o
comando da revolução ao lado de Trotski e de outros líderes do Partido
Bolchevique, como Stalin, Bukarin e Kirov.
Na noite de 24 de outubro (6 de novembro
no calendário ocidental), os bolcheviques ocuparam os principais órgãos do
governo, enquanto o povo tomava as ruas de Petrogrado e o couraçado Aurora
bombardeava o Palácio de Inverno. Sem o respaldo das tropas que já estavam
aliadas aos revolucionários, Kerenski fugiu, e Lenin chegou ao poder. Estava
consagrada a Revolução Socialista de
Outubro de 1917.
GOVERNO
LENIN (1917-1924)
Em março de 1918, a Rússia retirou-se da
Primeira Guerra Mundial pelo acordo de paz de Brest-Litovsky.
As primeiras decisões socialistas do
governo Lenin foram o confisco sumário e sem indenização das grandes propriedades;
a expropriação completa das indústrias; a entrega da direção das empresas a
nomes indicados pelos sindicatos; o confisco das colheitas, exceto para consumo
próprio; a regulamentação da produção e do consumo; o racionamento generalizado
(foram estabelecidas cotas de consumo de leite, pão e lenha para cada família);
a mobilização da polícia política para punir os infratores; a nacionalização de
toda empresa estrangeira que possuísse pelo menos cinco operários.
Entre 1918 e 1921, a Rússia viveu uma
guerra civil provocada pela oposição ao bolchevismo, que contava com o apoio de
países capitalistas; estes formaram o Exército
Branco, que lutou conta o Exército
Vermelho, comandado por Trotski. Após a vitória do Exército Vermelho,
consolidava-se o regime socialista russo.
Em fevereiro de 1921, Lenin criou a Comissão Estatal para Planificação
Econômica (Gosplan), responsável por gerenciar a economia; no mês seguinte,
organizou uma série de reformas conhecida por Nova Política Econômica (NEP), com as quais pretendia adotar
medidas liberalizantes --- de caráter capitalista --- na economia socializada
da Rússia, para elevar a produção e melhorar a economia país. Os resultados da
NEP são considerados positivos, pois reorganizaram as atividades agrícola e
industrial.
Em 1922, os Estados não russos foram
integrados a República Socialista Soviética Russa. Dois anos depois, uma nova
constituição instituiu a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas.
(URSS)
A morte de Lenin, em janeiro de 1924, provocou
uma disputa interna pelo poder, que significou um confronto entre propostas
divergentes para a condução do processo revolucionário. Trotski defendia a revolução permanente e a internacionalização da revolução, para
garantir o sucesso do socialismo.
Joseph Stalin, outro líder da disputa,
propunha que o socialismo deveria
ser construído em um só pais, assim a URSS se
transformaria em uma potência capaz de se proteger sozinha.
GOVERNO
STALIN (1929-1953)
Stalin conquistou grande influência no
Partido Comunista da União Soviética e, agindo de forma arbitrária e
autoritária, impôs sua tese às bases partidárias, garantindo a vitória.
Neutralizando os concorrentes, assumiu total controle sobre o Estado e
tornou-se ditador da União Soviética.
Durante seu governo, Stalin estruturou um
gigantesco sistema de repressão contra toda a oposição, até mesmo contra
antigos companheiros de Lenin e dele próprio, como Trotski e Kamenev.
Estima-se que entre 500 mil e um milhão de
pessoas tenham sido mortas a mando de Stalin. Consolidava a ditadura, o líder
soviético iniciou uma hábil campanha propaganda e culto à personalidade.
Stalin substituiu a NEP pelos planos
quinquenais, com objetivos ou metas econômicos a serem atingidas em 1939, dois
os planos quinquenais já haviam sido
aplicados, ambos com esforços de expansão
da indústria pesada. A coletivização forçada da agricultura resultou na
extinção das pequenas e médias propriedades que haviam sido autorizadas pela
NEP. Foram instaladas as kolkhozes, cooperativas produção, menos a terra,
pertencia aos trabalhadores soviéticos morreu nas obras ou em consequência do
processo de coletivização forçada.
A
Revolução Vermelha russa (outubro de 1917) e seus desdobramentos abalaram o
mundo capitalista, pois, pela primeira vez na história, uma revolução desse
tipo conseguia instituir um governo não capitalista de longa duração --- ao
contrário da Comuna de Paris, cuja existência foi efêmera.
A partir daí, os países capitalistas
passaram a se preocupar cada vez mais com o avanço do socialismo.
A
REVOLUÇÃO CHINESA (1949)
O século XX na China iniciou-se com a
tentativa de derrubada de valores de dominação e exploração do povo chinês,
submetido, desde o século XIX, a várias potências imperialistas, especialmente
a partir da Guerra do ópio (1841).
Essa exploração encontrou apoio nos mandarins, funcionários do Estado imperial,
e senhores de terra. Baseando-se na filosofia de Confúcio, que pregava o
respeito à autoridade e à hierarquia e o culto ao passado, mantinham as
tradicionais estruturas dos privilégios, o que favorecia dominação.
A revolta dos Boxers (1898-1901), embora
fracassada, foi uma dessas tentativas, despertando o descontentamento geral, a
chama revolucionária e a conscientização da população de que a dinastia Manchu,
que então governava a China e cooperava com a dominação internacional, era a
responsável pela miséria do país.
Em 1911, em meio à ebulição sociopolítica,
foi proclamada a República chinesa,
que, entretanto, quase nada pôde fazer diante das potências imperialistas que
ocupavam o país. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o domínio das potências
imperialistas foi encabeçado pelo Japão, enquanto o governo republicano
liderado por Sun Yat-Sen, do partido
Nacionalista (Kuomintang), sofria
sucessivas pressões regionais pela autonomia, provocadas pelos chefes militares
locais, além do contínuo domínio internacional.
Em 04 de maio de 1919, três mil estudantes
universitários marcharam pelas ruas de Pequim, manifestando-se contra a
aceitação, por parte do governo, das humilhantes exigências feitas pelo Japão
sobre a china e concedidas no tratado de Versalhes. Os estudantes foram logo
apoiados por outros setores que promoveram greves e manifestações em todo o
país. Uma delas ocorreu em 1920, em Xangai, influenciada pela revolução
socialista russa, enquanto era fundado o partido Comunista Chinês (PCC), que
contava com a participação de Mao
Tse-tung.
No início da década de 20, o governo do
Kuomintang conviveu com o Partido Comunista Chinês, que crescia
vertiginosamente, e também, sem grandes atritos com a União Soviética. O
objetivo imediato do governo era a unificação nacional e as lutas contra a
autonomia dos senhores locais e as potências imperialistas. Para isso, contava
com o apoio dos comunistas.
A partir de 1925, porém, Chiang Kai-shek assumiu o comando das tropas do Kuromintang e
iniciou uma política agressiva, contra o Partido Comunista, rompendo a frente
única. Foi apoiado pelos chefes militares locais, temerosos da efervescência
popular e do PCC, pelas potências imperialistas, que passaram a ver o
Kuomintang como vital para o futuro da China. Este esmagou pela força o
movimento popular urbano.
Diante das derrotas sofridas nas cidades de
Xangai e Pequim, o Partido Comunista, sob a liderança de Mao Tse-tung e Teh,
retirou-se para o anterior do país a fim de organizar suas bases de apoio. Em
1931, foi proclamada a República Soviética da China, em Kiangsi, no leste do
país.
A unidade do país era mantida por Chiang
Kai-shek à custa de uma série de acordos com os chefes militares locais, que,
possuidores de independência parcial, comprometiam o próprio governo nacional. A
partir de 1930, a crise e as indefinições cresceram, originando uma guerra
civil. Aproveitando-se da fragilidade chinesa do Japão invadiu a Manchúria, em
1931, e estabeleceu um Estado satélite – o Manchukuo
– no Norte do país. O Kuomintang passou a sofrer dupla pressão: do imperialismo
japonês e da ameaça comunista no interior do país.
Em 1934, os nacionalistas organizaram uma
grande campanha militar para esmagar os comunistas. Fugindo das tropas do
Kuomintang os cem mil homens do Exército Popular de Libertação, liderados por
Mao, percorreram dez mil quilômetros a pé – a Longa Marcha (1934-1935) -, restando ao fim de um ano apenas nove
mil. Transformado no líder dos vermelhos, Mao Tse-tung foi escolhido para
secretário-geral do PCC, sendo assessorado por Lin Piao e Chou Em-Iai.
Diante do insistente avanço japonês, Mao
Tse-tung propôs a organização de uma nova frente única – Kuomintang e PCC-, o
que levou a um acordo, concluído em 1937. Até o final da Segunda Guerra
Mundial, essa frente deu ao PCC o controle de parte do exército chinês, além de
uma crescente popularidade, ao denunciar a corrupção das tropas de Chiang
Kai-shek.
Com a capitulação do Japão na Segunda Guerra
Mundial, em agosto de 1945, Chiang Kai-shek decreta, em 04 de julho de 1946,
uma mobilização nacional, a fim de eliminar definitivamente o “perigo
vermelho”. Contando com o apoio norte-americano, que lhes fornecia militares e
financeiros,Chiang Kai-shek passou a ser visto pelos chineses como um “cúmplice
do estrangeiro”.
Enquanto isso, a União Soviética envolvida com
seus próprios problemas de pós-guerra, adotava com a China uma política ambígua
e hesitante, deixando sem apoio os guerrilheiros do Exército Popular de
Libertação, que, mesmo assim, continuaram avançando e atacando o Kuomintang.
O
exército do PCC foi ganhando terreno, até que,em janeiro de 1949, entrou
vitorioso em Pequim, e, em 10 de outubro, foi proclamada a República Popular da China.
Chiang Kai-shek e seus seguidores refugiaram-se na ilha de Formosa (Taiwan),
onde instalaram o governo da China Nacionalista,
que recebeu forte apoio norte-americano durante a guerra da Coréia e toda a
Guerra fria. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos isolaram a China, negando-lhe
reconhecimento diplomático e intercâmbio econômico.
REVOLUÇÃO
CUBANA (1960)
Depois da independência (1898) da Espanha,
Cuba foi colocada sob a influência dos Estados Unidos, através da Emenda Platt, em 1901. Em 1934,
Fulgêncio Batista assumiu o poder e passou a governar segundo interesses do
imperialismo estadunidense.
Em 1952 por meio de um golpe de Estado,
Fulgêncio Batista instalou no país uma ditadura.
Em 1953, UM GRUPO DE REBELDES CHEFIADOS POR Fidel Castro Ruiz tentou tomar o
poder por meio de um golpe contra Batista. A tentativa resoltou em fracasso, e
Fidel Castro foi preso.
Libertado em 1955, Fidel Castro exilou-se
no México, onde se uniu a outros exilados cubanos e organizou o retorno à ilha.
No grupo de rebeldes, constituído por menos de 90 homens, destacava-se o médico
argentino Ernesto Guevara de la Serra (Conhecido por Che).
No fim de novembro de 1956, o grupo
partiu do México em destino a Cuba, onde iniciou a revolução para a tomada
poder.
Depois de dois anos de conflito, Fulgêncio
Batista fugiu para a República Dominicana; no dia seguinte, os revolucionários
entraram em Havana.
Fidel
Castro assumiu o controle do Estado e do exército revolucionário, nacionalizou
empresas estrangeiras e promoveu a reforma agrária; depois de expropriar terras
da oligarquia cubana e de empresas estadunidenses.
Em
janeiro de 1961, os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Cuba; em
abril, exilados cubanos treinados pela CIA, tentaram invadir Cuba e derrubar
Fidel. A fracassada tentativa de invasão na Baía dos Porcos acelerou o rompimento definitivo do governo cubano
com o mundo capitalista. Em dezembro de 1961, Fidel anunciou a adesão de Cuba
ao socialismo, aproximando-se da União Soviética. Em 1962, a tentativa de
instalação de mísseis soviéticos em Cuba gerou um dos momentos mais tensos da
Guerra Fria, na chamada Crise dos
Mísseis. A questão foi resolvida com o compromisso soviético de não
instalar armas em solo cubano, enquanto do lado dos Estados Unidos o governo
assumiu o compromisso de não mais tentar intervir militarmente em Cuba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário